Tomando conhecimento, através da imprensa, da realização do leilão das instalações do Arquivo Público da Fundação Pedro Calmon, em consequência de determinação judicial, para pagamento de dívidas trabalhistas da Bahiatursa, a Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia – AGGEB vem, por este meio, manifestar sua perplexidade e indignação em relação a tal fato.
Como entidade ocupada com a qualidade da gestão pública no Estado da Bahia e seus desdobramentos para o conjunto da sociedade baiana, a AGGEB manifesta sua preocupação com a alienação, por meio de leilão, com data definida para hoje, do conjunto arquitetônico e natural que abriga o Arquivo Público da Bahia, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nos livros de Belas Artes e Histórico desde 1949.
Este conjunto de grande valor histórico, por se constituir em um dos mais antigos sítios históricos da cidade de Salvador – século XVI, guarda em suas dependências mais de 400 mil documentos que contam a história da gestão pública do Estado e de países da África e Europa ao longo de mais de quatro séculos.
Atenta ao que prescreve o Decreto-Lei nº 25/1937 em seu Capítulo III – Dos Efeitos do Tombamento, a AGGEB questiona a legalidade dos atos que poderão culminar com a entrega do patrimônio arquitetônico da Quinta a ente privado, já que o Art. 11 daquele ato impede a transferência de bens tombados que não sejam públicos:
CAPÍTULO III – DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Por fim, a AGGEB considera inadmissível submeter o extenso e precioso acervo documental ao risco que advém da alienação do seu espaço de guarda e manutenção, o prédio da Quinta do Tanque, e assim se manifesta pedindo o cancelamento do referido leilão.